Inteligência Artificial & Odontologia.

Compartilhando aqui mais um pequeno artigo com reflexões sobre como a Inteligência Artificial pode atuar na Odontologia.

Francisco Rehder

10/18/20225 min read

Se o título tema do artigo dessa semana é Inteligência Artificial, tópico que está em alta e vem sendo debatido dentro das mais variadas frentes da sociedade humana bem como no mundo dos negócios e, o mais interessante , também presente na Odontologia. Mas aonde essa tecnologia vem sendo aplicada e como? Este é o objetivo desse artigo.

Foi há mais de um século quando o físico Wilhelm Conrad Röntgen trouxe ao mundo a descoberta dos Raios X, provocando uma completa revolução nos campos da Medicina, posto que a partir daquele momento tornou-se possível visualizar as estruturas internas do corpo humano através dos exames de Raios X.

No contexto da Odontologia, o primeiro registro da tomada radiográfica das estruturas dentais é datado em 22 de novembro de 1895, realizada pelo Dr. Otto Walkhoff, que radiografou sua própria boca, utilizando uma placa fotográfica de vidro envolta em papel preto; submetendo-se a uma exposição de 25 minutos. Nessa mesma época, Dr. Edmund Kells, foi o primeiro cirurgião dentista de formação a empregar os Raios X para fins de diagnóstico, tendo publicado no periódico Dental Cosmo (1899), o primeiro artigo científico discutindo sobre as possibilidades de diagnostico através do emprego dos Raios X.

Exames Radiográficos possibilitaram grande avanço em diversas especialidades Odontológicas pela possibilidade de documentação de imagens de estruturas orais permitindo diagnóstico e tratamentos mais precisos. O domínio da tecnologia levou ao longo dos anos a evolução das técnicas e equipamentos possibilitando a redução dos tempos de exposição a centésimos de segundos e também levou o exame do plano 2D para o 3D.

Trazendo o tema novamente aos dias de hoje, é fato dizermos que vivemos tempos de revoluções cibernéticas e tecnológicas onde um simples computador pode quebrar barreiras e prover analises tão profundas e sem necessariamente a ajuda do homem. As chamadas Inteligências Artificias (IA), termo definido em 1956 por John McCarthy, descreve um mundo onde as maquinas seriam capazes de “resolver problemas” que naquela época seriam reservadas apenas aos seres humanos. Tal fato se converteu em verdade e o advento da internet, com o mundo conectado e digitalizado, proporciona um perfeito ecossistema para que as IAs se desenvolvam e cheguem inclusive à Odontologia.

Voltemos à Radiologia; para realizar um diagnóstico e propor um plano de tratamento; os dentistas sempre se valeram de exames complementares que “complementam” os achados clínicos; seja em uma radiografia inter-proximal para diagnóstico de lesões de cárie ou em uma periapical para avaliar a presença de lesão endodôntica; ou mesmo uma panorâmica para avaliar a posição dos 3º molares; enfim, o valor da radiografia como exame complementar é indiscutível.

Mas o tema de nossa discussão hoje é Inteligência Artificial e; como dito por Stephen Hawking, todos os aspectos de nossas vidas de alguma maneira serão transformados e influenciados pela IA e a influência na Odontologia já é uma realidade.

Recentemente estive em um Congresso de Radiologia em São Paulo e pude observar de perto essa transformação; a introdução da IA na Odontologia de uma maneira que até então eu não era capaz de imaginar. Desde definição automática dos pontos relacionados ao traçados cefalométricos para Ortodontia (independente da filosofia de tratamento - Macnamara; USP; Ricketts; entre outros) à demonstração de algoritmos que são capazes de realizar a leitura de radiografias panorâmicas e compará-las com um banco de dados de laudos e diagnósticos para propor uma hipótese diagnóstica impressionam pela acurácia e reprodutibilidade. Com um simples clique, milhões de processamentos trazem a tona em segundos o trabalho de um profissional que certamente levaria um tempo elevado para concluir tal demanda.

Vale ressaltar que, no caso da IA, ao basear sua análise em um banco de dados volumoso com grande base de conhecimento; a mesma irá se deparar com situações especificas que um profissional, sozinho, teria dificuldade de realizar o preciso diagnóstico, posto que sua capacidade de laudo esta baseada em sua experiência clínica e achados contemplados no estudo de casos em livros e congressos. A IA no entanto, está cruzando toda uma base de conhecimento onde talvez o clínico não seja capaz de atuar ou reconhecer patologias que ele possa nunca ter visto. Ok, isso quer dizer que a IA irá “roubar o trabalho e substituir os radiologistas”; a meu ver, não é bem por ai. O fato é que a IA tende a trazer um ganho de produtividade que se aplicada corretamente trará benefícios tanto para os radiologistas quanto para seus pacientes.

A IA pode proporcionar ao profissional um laudo diagnóstico; mas não é capaz de assiná-lo ou assumir a responsabilidade por seu diagnóstico; é preciso entender que o mesmo é uma ferramenta aos profissionais frente ao reconhecimento e diferenciação de imagens para geração de hipóteses. A decisão final e avaliação sempre precisarão passar por um radiologista que com uma visão clínica e de posse de outras informações pode, além das imagens, assumir a responsabilidade de forma técnica e ética perante o diagnóstico apresentado.

Outra aplicação interessante da IA diz respeito ao agendamento de pacientes. Usualmente como pacientes muitas vezes nos esquecemos de realizar agendamentos pela falta de hábito, por estar no horário de trabalho e não conseguir tempo para fazê-lo ou mesmo pelo inconveniente de fazer uma ligação para buscar algum horário disponível com um profissional e; muitas vezes, quando vamos faltar ao compromisso, também não telefonamos desmarcando, o que para o profissional que está do outro lado é ruim e certamente influencia no seu indicador de produtividade e/ou ociosidade de cadeira. Por outro lado, as IAs se apresentam como uma alternativa no intuído de poder disponibilizar 24 horas por 7 dias da semana um canal onde os pacientes possam agendar seu horário (podendo fazê-lo fora do expediente de trabalho ou quando for mais conveniente), sem qualquer intervenção humana. Se você tem um site, é hoje muito acessível a instalação de um serviço de chatboots onde de maneira simples, prática e rápida uma IA conversa com o futuro paciente e realiza o agendamento do mesmo nos horários disponíveis em sua agenda. Além disso, é possível programar conversas e envio de mensagens que tem como objetivo diminuir o no-show dentro do consultório. Os chamados chatboots também podem ser aplicados nas campanhas de Marketing e na automação dos anúncios para a prospecção de novos clientes fazendo o papel de prospecção e qualificação do cliente garantindo fluxo para a clínica.

Enfim, o fato é que a Inteligência Artificial já faz parte da Odontologia e nesse exato momento o qual você está lendo este texto ela está aprendendo algo novo. Se você gostou desse artigo ou tem uma visão diferente sobre o tema, não deixe de comentar!